Transa é o sexto álbum de estúdio do cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso, gravado em 1971 no Chappell’s Recording Studios, em Londres, e lançado pela gravadora Philips em janeiro de 1972.
Antecedentes e gravação
Exilado em Londres desde 1969, Caetano Veloso obteve permissão para ficar um mês no Brasil em janeiro de 1971 para assistir à missa comemorativa dos 40 anos de casamento de seus pais. No Rio de Janeiro, o cantor foi interrogado por militares que pediram para que fizesse uma canção elogiando a rodovia Transamazônica – na época em construção. Caetano não aceitou a “proposta”, mas, de volta a Londres, gravou no final do ano o LP com o nome de “Transa”, lançado em território brasileiro em janeiro de 1972, quando o cantor voltou definitivamente ao país.[2][3]
Sobre o álbum, Caetano declarou em uma entrevista ao Jornal do Brasil: “Chamei os amigos para gravar em Londres. Os arranjos são de Jards Macalé, Tutty Moreno, Moacyr Albuquerque e Áureo de Sousa. Não saíram na ficha técnica e eu tive a maior briga com meu amigo que fez a capa. Como é que bota essa bobagem de dobra e desdobra, parece que vai fazer um abajur com a capa, e não bota a ficha técnica? Era importantíssimo. Era um trabalho orgânico, espontâneo, e meu primeiro disco de grupo, gravado quase como um show ao vivo”.[4]
Na mesma entrevista: “Foi Transa que me deu coragem de fazer os trabalhos com A Outra Banda da Terra. Tem a Nine out of Ten, a minha melhor música em inglês. É histórica. É a primeira vez que uma música brasileira toca alguns compassos de reggae, uma vinheta no começo e no fim. Muito antes de John Lennon, de Mick Jagger e até de Paul McCartney. Eu e o Péricles Cavalcanti descobrimos o reggae em Portobelo Road e me encantou logo. Bob Marley & The Wailers foram a melhor coisa dos anos 70. Gosto do disco todo. Como gravação, a melhor é Triste Bahia. Tem o Mora na Filosofia, que é um grande samba, uma grande letra e o Monsueto é um gênio. Me orgulho imensamente deste som que a gente tirou em grupo”.
Recepção da crítica
Para Álvaro Neder do Allmusic, o som eletrificado do rock domina este álbum do cantor e compositor baiano, apesar de misturado com ritmos e percussões brasileiras, sons de berimbau e o próprio violão de Veloso. As letras são em português e em inglês e, para o crítico musical, cuidadosamente evitam referências explícitas políticas, apesar delas estarem disfarçadas em praticamente todas as canções. Um bom exemplo disto é a musicalização do poema “Triste Bahia”, do poeta barroco brasileiro Gregório de Matos Guerra, que utiliza-se do tema crítico do poema para realizar críticas à situação política do Brasil na época. Neder também destaca “It’s a Long Way”, que foi bastante tocada pelas rádios na época, e a regravação de “Mora na Filosofia”, samba de Monsueto Menezes cuja versão roqueira deste disco gerou controvérsias à época.[1]
Legado
Este álbum foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o décimo melhor disco brasileiro de todos os tempos.